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Retirado do google. |
Muitas pessoas dizem, com freqüência, que a época dos efeitos físicos já passou que não são mais necessários, que estamos numa nova fase, a do esclarecimento, etc.
Este raciocínio, na verdade, é a interpretação da resposta de Emmanuel, supostamente materializado, dada à Chico Xavier e demais pessoas que participavam de uma reunião, em 1953.
"Amigos, a materialização é fenômeno que pode deslumbrar alguns companheiros e até beneficiá-los com a cura física. Mas o livro é chuva que fertiliza lavouras imensas, alcançando milhões de almas. Rogo aos amigos a suspensão destas reuniões a partir desse momento".
“Eu não quero! Eu não quero que o Chico sirva de médium de materialização. A sua missão é a missão do Livro! Não é médium com tarefas de efeitos físicos”…
Infelizmente, em ambas as narrações, os envolvidos não se preocuparam em contestar a ordem ou entendê-la a fundo, simplesmente, calaram-se em sentimento de reverência.
A problemática surgiu, no entanto, quando uma instrução particular foi tomada como sendo pública, universal, uma “lei”. O fato de não fazer parte da “missão” de Chico Xavier trabalhar como médium de efeitos físicos faz com que a de nenhum seja? Ou que se deva esquecer e deixar de lado esta faculdade? De forma alguma. Como em quase tudo, a transmissão do ensino oral distorce a qualidade da informação e, acredito, tenha sido este o caso.
Ultrapassado?
Outra motivação para o fim destas sessões de efeitos físicos (não somente de materialização) é a de que isto é desnecessário hoje em dia, que temos um largo conhecimento.
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Isto poderia ser verdadeiro se aplicado a um grupo de pessoas, com uma ideologia comum. Mas, certamente não o é pra mim e para tantos outros. Creio que muitas pessoas, inclusive não espírita, gostariam de poder ver, observar e estar presente numa manifestação física.
Recordo-me que, quando adolescente, reunia sempre com os amigos para tentar a “brincadeira do copo”. Nunca havíamos conseguido resultados. Uma vez, porém, conseguimos.
Estávamos em quatro e fizemos tudo como mandava um livro chamado “fronteiras do desconhecido”. Na época, nada sabíamos de espiritismo e estávamos apenas tentando nos assustar, numa noite de tédio.
De repente, ouvimos um barulho, como se a pá de lixo caísse no fundo de casa, estando apenas nós, na cozinha. Fomos todos, com medo, olhar o que tinha acontecido; nada. Não havia nenhuma pá no chão.
Ouvimos um barulho estranho e repetido na cozinha, voltamos correndo. Lá chegando, víamos o copo vibrar freneticamente, de um lado para o outro e logo alguém supôs que ao sairmos da mesa (pois estávamos todos sentados quando ouvimos o barulho) alguém esbarrou e balançou-a.
Fazia certo sentido, já que a mesa da cozinha é em alumínio e tem por cima uma pedra grande de mármore, o que permite com que balance facilmente.
Um deles dispôs-se a chegar perto e por a mão sobre a mesa: imóvel. O copo continuava vibrando freneticamente. Cheguei próximo e quando ia tocá-lo, ele parou repentinamente.
O susto foi muito intenso e lembro que tive muita dificuldade para dormir aquela noite.
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O fato de nunca, antes, ter conseguido qualquer resultado, demonstra que a dita brincadeira, por si só, não produz nenhum efeito. Como soube mais tarde, era preciso que no local ou próximo, houvesse um médium de efeitos físicos de onde o espírito brincalhão retiraria os recursos para poder cumprir o nosso desejo de morrer de medo.
De qualquer forma, este caso me marcou. Foi a primeira vez que vi, não ouvi, nem li, uma situação que não poderia ser explicada pelo senso-comum.
Útil?
Allan Kardec dedicou, em O Livro dos Médiuns, o capítulo V especialmente ao desenvolvimento da questão. Até onde saiba, pela primeira vez, surge um exame racional e profundo da questão, não somente do ponto de vista humano, como espiritual. Deixa, também, uma recomendação:
“Tais fenômenos [de efeitos físicos], a que se poderia dar o nome de Espiritismo prático natural, são muito importantes, por não permitirem a suspeita de conivência. Por isso mesmo, recomendamos, às pessoas que se ocupam com os fatos Espíritas, que registrem todos os desse gênero, que lhes cheguem ao conhecimento, mas, sobretudo, que lhes verifiquem cuidadosamente a realidade, mediante pormenorizado estudo das circunstâncias, a fim de adquirirem a certeza de que não são joguetes de uma ilusão, ou de uma mistificação”.
Ao contrário do conselho (particular) de Emmanuel, Kardec estimula a observação e registro destes casos, recomendando que analisemos com cuidado, para não sermos enganados.
É preciso compreender que a manifestação física está dentro de uma lei natural e, por isso, imutável. Os fenômenos ocorriam antigamente como ocorrem hoje. Talvez, apenas sejamos mais esclarecidos a ponto de não aceitar tudo aquilo que ouvíamos da nossa avó como sendo um testemunho verídico...
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Kardec diz, ainda, que seu fim é chamar nossa atenção e convencer-nos de uma força superior![1] É, sem dúvida, esta a contribuição mais notória de um efeito físico!
Muitos iniciantes, aprendendo a ‘proibição’ equivocada, sufocam o desejo de ver, para crer. Adotam esta visão e repetem-na como aprendem. Não há mal algum em querer ver, estar presente e participar de uma sessão de efeitos físicos (se é que ainda existe alguma). Isto não exclui, em hipótese alguma, o estudo. Aliás, quem estuda e depois “vê”, compreende melhor.
O Espiritismo, ao se declarar uma fé raciocinada, não pode abster os seus membros da experimentação. Não quero com isso dizer que os efeitos físicos sejam o único meio; certo que não. Mas, é inegavelmente um deles.
O apelo à “fé espírita” tem crescido assombrosamente de modo a constranger os iniciantes e até alguns mais experimentados de que a crítica é sinônimo de maledicência e que duvidar é sinônimo de pouco estudo...
Acredito, também, que será por aí que a ciência manifestará interesse e resultados plausíveis no campo do Espírito.
E, por favor, jamais me recitem João 20:29 como contra-argumentação ao que eu disse...
Nota: As fotos utilizadas são apenas com fins ilustrativos. Desconheço a procedência delas.
[1] - O Livro dos Médiuns - Item 85.