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O filme Nosso Lar é, para mim, o melhor filme Brasileiro. Quando soube que iriam retratar o livro, perguntei: Como vão reproduzir os “lugares”? Cenários? Efeitos especiais?

Neste quesito, sinto-me parcialmente aliviado: Os efeitos especiais de paisagem (não conheço os termos cinematográficos corretos) são lindos. Há poucos efeitos de movimentos, mas foram bem feitos. Algo que me chamou a atenção é a quantidade de luz nas edificações. Tudo parece brilhar e, em contraste com a imagem real dos atores, ainda que os efeitos especiais sejam bons, isso dá uma sensação de artificialidade nos cenários.

Creio que baseados nos desenhos de “Cidade no Além”, a distribuição e representação dos Ministérios e edifícios em geral ficaram bem próximos aos desenhos mediúnicos obtidos por Heigorina Cunha.

Uma das primeiras críticas que vi sobre o filme falava das roupas esvoaçantes e brancas, e o autor brincava dizendo por que o Espírito não se apresentava com outras roupas?

Talvez o crítico tenha cochilado (algumas cenas são um pouco maçantes e me deram sono) e não percebeu as várias cenas em que os habitantes trajavam roupas da época (o que me deixou muito contente) e não somente túnicas embaladas pela brisa...

O começo do filme é feito em estilo vai-e-vem, isto é, intercala passado com o presente, mostrando aspectos da “antiga vida” em conflito com a “nova”. Houve certa demora nestas cenas, mas nada que prejudique a forma de contar o filme.

O Umbral foi muito bem retratado, nas melhores e mais arrepiantes descrições de André Luiz. Ponto pacífico também para a maquiagem e as feridas, que são super-realistas. Aqui, porém, há um detalhe: Falta paixão!

Praticamente, todos os personagens de Nosso Lar são interpretados de forma sem graça. Há um exagero do estado contemplativo, mesmo diante de conflitos graves da própria consciência; o filme usa e abusa das “caras de paisagem”.

Neste quesito, fica deslocado da emoção que transmite o livro. Mesmo os grandes atores não conseguem re-alocar este eixo, exceção para Emmanuel, que aparece de forma “viva” no filme.

Aqui, um detalhe curioso: Emmanuel está no filme! O espanto? Sim. Emmanuel não aparece na história de Nosso Lar. O filme apresenta Emmanuel e há um detalhe, que deixo na incerteza, coloca-o como um dos 72 Ministros de Nosso Lar? – Quem conhece o livro sabe que Emmanuel fez apenas uma breve apresentação de André Luiz, logo na introdução, não é personagem da história.

O filme Nosso Lar, assim, é caracterizado por “enxertias” que modificam parte da sua história. Acima falamos de Emmanuel, pois bem. Emmanuel não só é um dos personagens principais como há uma cena em que ele promove uma de suas obras (famosa no Movimento Espírita) e não houve como eu deixar de ver isto como oportunismo comercial...

Além disso, frases de André Luiz, de outros livros, também fazem parte de alguns diálogos que deixaram a espontaneidade natural que é apresentada no livro para alguns monólogos de frases prontas. Aliás, este é um ponto que me pareceu decepcionante no filme.

Alguns diálogos riquíssimos como o “da senhora” com o Ministro Clarêncio, quando André Luiz desejava pedir para ver sua família, foram reduzidos por simples observações e frases prontas, descolorindo toda a moral encerrada nesta conversa e que poderia ser mais bem explorada para os telespectadores.

Cabe fazer uma ressalva. O filme é baseado no livro, não é o livro. Basear é tomar algo por base, por alicerce, o diretor do filme tenta preservar a história central (e isto foi feito com maestria) e acrescenta ou tira cenas que desejar. Não podemos esquecer isto.

O ator Renato Pietro (André Luiz) representa-o muito bem em seus conflitos e dúvidas. Mas, como havia dito antes, abusa do estado contemplativo em detrimento da emoção escancarada e humana “too human” em que André Luiz se descreve e se despe.

Nosso Lar cumpre seu papel. O filme deixa claro – e este é seu ponto forte – a importância da vida. Não é em tom melancólico, é em tom esperançoso, que refaz, dá novo ânimo. Conseguiu registrar a grandeza de Nosso Lar, dentro dos limites orçamentários, a ponto de não deixar nada de fora.

Nosso Lar ataca fundo nos valores morais e seu conflito com a matéria. Retrata bem o orgulho, o egoísmo, a esperança, doçura, felicidade, a esperança. É um filme para refletir, chorar e pensar.

Confesso que não chorei, mas engoli seco várias vezes e marejei os olhos quando ele se despede da servidora da casa, quem não assistiu, que fique curioso...

Jamais assisti a um filme em tão completo silêncio, quebrado só pelos soluços e pelo nariz entupido, de tanto chorar. A impressão que me dava era que as pessoas estavam lá como numa reunião espírita, ávidas por observar, escutar, compreender e se emocionar.

Se você não leu o livro, vai sentir vontade de ler. Se já leu, vai sentir vontade de ouvir a rádio novela e certamente sentirá vontade de conhecer os demais livros do Espírito.

Recomendado.

Veja o Trailer:



Enredo:



Making Of - Umbral:



Canal Oficial no YouTube.





Comments (5)

Concordo com tudo que vc escreveu a respeito do filme.

Adendo:

Embora não tenha mudado a minha opinião sobre o texto acima, devo dizer que, após assistir Tropa de Elite 2, não considero mais Nosso Lar como o melhor filme Brasileiro.

Acho que Nosso lar foi bem realizado e já que não se pode agradar a todos,fez sua parte na divulgação de principios espíritas como a imortalidade da alma,a comunicabilidade dos espíritos e a reencarnação.O resto é coisa de espírita crítico de cinema.

Só para esclarecer os que aqui visitarem ou que já tenham visitado, o guia espiritual do Chico Xavier, Emmanuel, provavalmente era sim um dos ministros da comunicação de Nosso Lar e, por algum motivo, Emmanuel não foi citado no livro Nosso Lar. Ele cuidava dos envios de mensagens de desencarnados lá presentes para os familiares encarnados na Terra e escrevia seus próprios livros para ditar pro Chico psicografar. Só porque Emmanuel era guia espiritual de Chico Xavier não queria dizer que obrigatoriamente Emmanuel estaria com o Chico 24 horas por dia...

Olá, Daniel.

Qual a fonte desta "provável" idéia?

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